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Tempos Fraturados

Caio Reisewitz

13 Mar 2023

Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP, São Paulo

a partir de 18.03.2023

 

No programa curatorial do MAC USP, o 7o e o 6o andares são destinados à exibição da coleção permanente. Nesta exposição, o visitante pode compreender as principais características do acervo, ao mesmo tempo em que a coleção pode ser revisitada e atualizada a partir de questões contemporâneas. Com duração de cinco anos, a mostra permite ao Museu cumprir seu papel universitário, tornando-se espaço de formação em vários níveis e de debate crítico sobre a história das artes visuais.

 

Para a comemoração dos 60 anos do MAC USP, esta nova exposição propõe uma reflexão sobre quais obras e quais artistas presentes no acervo contam sobre a experiência histórico-político-social dos séculos 20 e 21, vivida a partir do Brasil. De modo crítico, nesse itinerário, a própria formação do acervo está imersa nessa narrativa.

 

A mostra, concebida por um grupo de seis curadores, em diálogo com um comitê consultivo, apresenta três eixos norteadores que se entrelaçam, em sete agrupamentos, divididos nos dois andares expositivos. Esses eixos, de certo modo, costuram as várias partes da exposição: a institucionalização do Museu, a arte como experiência coletiva e a arte como experiência subjetiva. Dentre os três eixos, apenas um deles está identificado por uma sinalização diferente: trata-se do eixo institucional, que nada mais é do que o conjunto das 13 obras doadas pelo magnata estadunidense Nelson Rockefeller para a criação de museus de arte moderna em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa doação foi considerada a base inicial das coleções do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP), transferidas para a USP em 1963 – dando origem ao MAC USP. Os outros dois eixos se pautam, respectivamente, pelas experiências coletivas (as lutas políticas e os movimentos sociais) na história dos últimos 150 anos e pelas experiências subjetivas, tais como as relações entre o eu e os outros. Os sete agrupamentos são: Inconsciente (não) livre, Guerra fria, Resistência e Êxodo (7o andar); e Retrato, Apropriação e Violência (6o andar). Eles expressam como essas experiências coletivas ou subjetivas aparecem na coleção do MAC USP.

 

O visitante verá que algumas obras e/ou conjunto de obras possuem em suas etiquetas um QR Code que leva a textos curtos sobre essas proposições. Por fim, a exposição empresta seu título da coletânea de ensaios do historiador Eric Hobsbawm, publicada em 2013, um ano após a morte desse intelectual que atravessou duas guerras mundiais e viu a ascensão dos regimes totalitários no continente europeu. Hobsbawm teve sua vida marcada pelo exílio e sempre enfrentou a árdua tarefa de indagar o futuro.

 

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